domingo, 29 de agosto de 2010

O Oportunista.



Eu não sou de fazer muitas criticas a questão do “sistema” no qual estamos inseridos até por entender que essa bandeira só pode ser levantada por quem está efetivamente buscando fazer algo. Mas essa semana que passou, fiquei muito irado com um fato e realmente conclui que esse país não é sério e o nosso judiciário também não é sério.

Esta semana passada, fui convocado para ser preposto da empresa em uma audiência. Para quem não sabe o preposto é quem vai representando a empresa em uma audiência junto ao judiciário e em alguma ação.

Hoje existe o juizado especial de pequenas causas que serve para “desburocratizar” o sistema.

Enfim lá fui, eu o advogado da empresa para uma cidade a 60 kilometros de distância. Lá encontramos a advogada do banco e o preposto (que também era parte no processo). Na audiência um advogado indicado para ser “mediador” mais um escrivão e um advogado substituto. E do outro lado estava o cidadão que moveu a ação e seu advogado. Foram 7 pessoas, mais toda estrutura do juizado para atender ao “direito” daquele sujeito.

O pleito inicial era de R$ 497,00, isso mesmo! Quatrocentos e noventa e sete reais!

Para entender: Ele pagou um despachante em campinas (que não foi parte arrolada na ação, senão seriam mais duas pessoas naquele circo) e ele encaminhou o dinheiro para um despachante na cidade do cidadão, mas esse despachante local fechou e sumiu com a grana que recebeu. Era um picareta!

Por conta disso houve a demora do documento ficar pronto até apurar os fatos. O cliente entrou em contato com o despachante de origem e este se prontificou a encaminhar (e pagar novamente os R$ 497,00) para outro despachante daquela cidade e sabe o que ele ouviu?????

-Eu agora quero receber “perdas e danos”!



Sete pessoas envolvidas entre advogados e funcionários públicos e das empresas, custo com viagem e estrutura que somam muito mais dos que o valor pleiteado, mas tudo em vão. Sabe por quê? Porque o “cidadão” não queria somente resolver o problema, mas sim tirar uma “vantagem”. Ele aproveitou o fato do despachante da cidade dele ter sumido com a grana e agora quer tirar proveito.

A audiência não deu em nada porque foi solicitado para localizar o despachante (que obvio não vai aparecer).

Mas quem é o culpado disso? O próprio sistema que aceita uma vergonha dessas. Esse espaço aberto que é para “preservar” o direto de alguns e deixa que oportunistas tentem lucrar algum!
E o pior é que não existe um limite, um controle ou algum tipo de punição para esses "esperctomen" que não visam reparações legítimas ou a busca de seus direitos. Mas sim querem usar a brecha do sistema para tirar proveito.

Eu saí da audiência envergonhado.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Australia III




Já dentro do avião para ir a Sydney eu estava mais tranqüilo pelo stress da alfândega na Nova Zelandia, mas claro que ainda estava com aquela sensação de chegar a outro país e também ansioso pela mudança de país.

Após fazer alfândega em Sydney sai para o desembarque encontrei com a Anne, segurando uma placa com meu nome. A Anne tinha cerca de 40 anos, solteira, trabalhava na IBM e morava em um bairro muito legal nos arredores de Sydney. Ela era a amiga da minha amiga. Eu iria ficar na casa dela por 4 ou cinco dias, mas logo que cheguei devido a viagem e stress, fiquei muito gripado.

Fui visitar alguns pontos turísticos, visitei um shopping enorme, mas não tinha ninguém fazendo compras, porque a Australia apesar de grande tem uma população pequena. Fui também a uma praia chamada “Bondi”, muito legal com restaurantes legais. Depois de 2 da comprei uma passagem para Adelaide onde encontraria minha amiga Denise.

Liguei para ela de Sydney e ela estava me aguardando. Eu estava querendo chegar logo em Adelaide, pois precisava arranjar um emprego o mais rápido possível. E lá fui eu para mais de 8hs de viagem de ônibus.

Quando cheguei em Adelaide minha amiga estava esperando na estação com um amigo o Chris! Fazia 10 anos que não nos víamos e tínhamos muito assunto para por em dia. Ela não tinha carro e pegamos um taxi, mas percebi que ela queria me contar algo.

- Marcos, tem uma coisa que eu preciso te contar!

-Beleza Denise pode falar.

-Então, na casa que dividimos tem um quarto para você, mas lá mora o Chris, o Nigel e mais uma amiga.

-Sem problema Denise, uma republica mista não vejo mal algum.

Nisso o Chris entrou na conversa e disse:

- Marcos, a Denise está preocupada porque não te falou antes a minha profissão!

- Ah Chris, beleza, você trabalha com o que?

- Eu e Nigel somos Drag Queens!

- O que é uma Drag Queem?



Reconheço que o termo não era conhecido na época. Era alias uma coisa nova. E eu fiquei confuso até a hora que ele disse que se vestia de mulher e fazia shows em uma Boite! Boite Gay!

Confesso que na hora eu fiquei “chocado”. Pois apesar de não ter preconceito eu preferia ter conhecimento desse detalhes dos meus “colegas” de moradia. Enfim, lá fomos nós, todos eram muito legais e divertidos.

Só que eles tinham uma vida invertida. Dormiam de dia e varavam a noite na boate. Traziam amigos para festas recheadas de bebida e maconha. Quando eu estava acordando eles ainda estavam bebendo.

Em um final de semana após insistirem acompanhei os dois até a boate. Estavam “montados” e a cena entrando no taxi, dois drag queens, minha amiga e eu. Deve ter divertido muito os vizinhos. O show dos meninos era muito bom e a noite foi engraçada e divertida. Eles eram os precursores dos Drag Queens que depois de alguns anos se tornaram conhecido no mundo todo. Até então eu conhecia somente o termo travesti o que definitivamente não é a mesma coisa.

Não avisei minha família e nem minha noiva, pois seria complicado explicar o que estava rolando. Comecei a procurar emprego, mas estava muito difícil conseguir um trabalho, pois cheguei no mês que havia entrado em vigor uma nova lei que punia em A$ 5000, dólares as pessoas que empregassem estrangeiros ilegais. O que era meu caso, apesar de possui um visto eu não estava permitido para trabalhar.

É claro que muitos ilegais estavam trabalhando, mas sem a mesma remuneração de um imigrante legal logo as empresas não estavam contratando novos trabalhadores nessa situação. Tentei vários trabalhos, mas o dinheiro foi acabando e dentro daquele quadro, não tive outra opção a não ser voltar para o Brasil.

Definitivamente desisti de trabalhar fora do Brasil, pois aqui estão minhas raízes.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Austrália II -


-Yes! (-Sim)

-Would you follow me please? (-Poder me seguir por favor)

Nesse momento senti um frio na espinha e a boca amargar! Algo estava errado e senti o chão abrir.... pois aquela não era uma abordagem de rotina, eu estava de boa no saguão e havia sido escolhido no meio da multidão por algum motivo.

Levaram-me a uma sala que tinha somente uma mesa uma cadeira e sem janelas. Lá dentro mais dois oficiais da alfândega começaram a fazer perguntas estranhas, de onde eu era, para onde estava indo, quem eu conhecia na Austrália e pediram para abrir minha mala de mão.

-Mas vocês querem ver minha mala de mão? Por quê? Isso é um pedido? E se eu me negar em autorizar vocês checarem minha bagagem de mão?

- Senhor isso não é uma opção! Nós estamos somente cumprindo uma formalidade.

-Mas vocês estão procurando o que? Drogas?

-Certamente esse é nosso objetivo senhor!

Nesse momento tudo passou como um filme na minha mente! Eu havia descido do avião em Punta Arenas e tinha deixado a mala sozinha no avião. Alguém poderia tranquilamente ter colocado qualquer coisa ilícita na minha mala. Eu não teria como explicar aquilo.

Ai começou o “desmanche” da minha mala de mão. Eu levava uma garrafa de pinga que foi aberta. Cada detalhe foi vasculhando, uma “necesserie” com “coisas” pessoais foram abertas, cheiradas, apertadas, iluminadas, quebradas e um pavor foi correndo por meu corpo. Fiquei muito assustado, tentei explicar que havia deixado minha mala sozinha por um período, mas gaguejei bastante. Minha adrenalina estava a mil!

-Sim senhor, entendemos! O senhor deixou sua mala sozinha em um aeroporto no meio do nada, não acha isso incomum?

Quando acharam um pacote que eu desconhecia a origem com um pó branco dentro e me perguntaram!

-Senhor o que é isso?

-Não sei!

-Mas esta aqui na sua mala!

-Tudo bem, mas não me lembro de ter colocado isso ai! Posso dar uma olhada?

Todos na sala já estavam me olhando de forma estranha. Foi quando peguei o pacote e reconheci o que era aquilo. Adoçante em pó. Conhecido como “Suquinha” da empresa “Siber”, era o precursor dos adoçantes tradicionais. Minha mãe comprava aquele adoçante por quilo. Eu adorava adoçar tudo com aquilo e ela certamente deve ter colocado um pouco na minha mala para eu levar comigo.



Esclarecido o engano e após passar por uma revista pessoal que incluiu uma visita das mãos do agente em lugares do meu corpo, que nem eu e nem ninguém havia visitado. Fui liberado para seguir viagem.

Nisso, minha auto estima estava destruída! Sentia-me humilhado e vulnerável. Mas eu tinha que chegar a Sidney onde a amiga de uma amiga... (Sabe essas coisas de brasileiro), estaria me esperando no aeroporto para ficar uns dias na casa dela antes de seguir para Adelaide encontrar minha amiga. Mas eu não imaginava o que ainda eu iria me deparar e como eu ficaria chocado!!!! (continua)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Australia I


Assim que sai da faculdade estava como a maioria dos jovens, pensando em novas conquistas, novas oportunidades e começar a encarar a vida de gente grande. Mas essa passagem é bastante dificil. Até a gente entender que férias de dezembro e janeiro e julho acabaram. Sim, porque quando a gente começa a trabalhar férias só depois de 2 anos de trabalho. E assim como outras coisas que a gente tem que se adaptar.

Eu ainda mantinha alguns contatos com amigos e em especial uma amiga na Australia e trabalhar fora do Brasil sempre brilha aos olhos dos jovens ainda mais quando já tem uma "porta aberta". E comecei a trocar cartas com minha amiga.

Eu estava noivo e a ideia era simples, eu iria na frente, me estabeleceria e depois minha noiva iria na sequencia. A Australia sempre foi um país com uma qualidade de vida alta e com otimas oportunidades de emprego.

Minha amiga me disse que morava em uma casa com outras pessoas, como se fosse uma "republica" e um rapaz que morava lá tinha ido para Inglaterra e tinha um quarto sobrando na casa. Logo eu poderia ficar hospedado lá. Minha amiga deu todo apoio e insistiu para que eu realmente fosse.

Devo confessar que a situação e a decisão não é facil. Juntar suas economias e encarar uma nova vida. Deixa pais e noiva para trás e buscar um trabalho em um país com uma cultura diferente apesar de eu já ter morado lá e conhecer os costumes.

Passagem comprada, visto tirado, mala pronta e lá fui eu. No aeroporto a despedida foi triste e com muito choro mas tinha um objetivo.

O voo saiu de São Paulo, foi para Buenos Ayres, para em Punta Arenas no Chile. Essa parada foi estratégica para abastecer o 747 300. Não existe nada naquele lugar o aeroporto não passava de uma sala de 5m x 5m. Ninguem precisava descer do avião, mas iriamos ficar ali por cerca de 1 hora e ja era mais de meia noite. Mas eu resolvi descer, só para dizer que pisei em um dos cantos mais ao sul de america do sul. Eu desci mas deixei minha mala de mão dentro do avião

Logo seguimos para Nova Zelandia e lá iria trocar de aeronave antes de embarcar para Australia. E fiquei no saguão do Aeroporto foi quando a policia local me abordou:

-Excuse Sir, were you in the plane from Argentina? (-Com licença, o senhor estava no avião vindo da argentina?)

-Yes! (-Sim)

-Would you follow me please? (-Poder me seguir por favor)

Nesse momento senti um frio na espinha e a boca amargar! Algo estava errado e senti o chão abrir.... (continua)