sábado, 18 de setembro de 2010

Miami Beach I


O Brasil passou por momentos que se hoje contarmos para alguns pode parecer uma coisa de louco. Na realidade pode até parecer mentiroso, mas muitas pessoas que lerem esse post poderão lembrar-se dessa época.

Nós vivemos uma época que a economia era uma loucura. Inflação de 3% ao dia, deixar dinheiro na carteira era mesma coisa que rasgar dinheiro. Usava-se cheque de forma indiscriminada, até para pagar um maço de cigarros.



A única moeda que dava um sentido a estabilidade econômica ou a um referencial de valor era o dólar. Então você poderia manter o referencia de quanto algo valia se mantivesse o preço em dólar na sua cabeça.

Mas o dólar subia desesperadamente todos os dias. Mas se uma coca-cola custava U$ 2,00, amanhã também custaria e assim por diante. Mas em cruzeiro um dia era Cr$ 500,00 no outro dia Cr$ 515,00 e no outro Cr$ 535,00. Loucura total.

Para manter o referencial você comprava dólares, quando recebia seu salário, parte deixava aplicado no banco (o chamado over night) e para uma reserva especial, você mantinha uns dólares. Mas não pense que se comprava dólar com facilidade. Tinha o preço do dólar oficial e o preço do dólar paralelo. Cada pessoa somente poderia comprar dólares pelo preço oficial um limite de U$ 1000,00. No paralelo o preço do dólar dobrava de valor.

Algumas agências de turismo faziam às vezes de agência de câmbio, o que não era permitido também. Porque compra e venda de moeda estrangeira somente estava autorizado pelos Bancos. Mas essas agências faziam o seguinte. Pegavam seu passaporte, lhe davam uma passagem para Miami, e dos U$ 1000,00 que você poderia comprar você somente comprava U$ 400,00 pelo cambio oficial. Alguém aqui tem dúvida que eu não entrei nessa???

Eu não tinha nada a perder, iria ficar 10 dias em Miami, não iria pagar a passagem, mas em contra partida somente iria levar U$ 400,00 e uns U$ 200,00 pelo preço do paralelo. Mas naquela época se você trouxesse um vídeo cassete que custava U$ 200,00 poderia vendê-lo aqui por U$ 800,00.

Para fechar a conta, vamos lá, eu ficaria 10 dias de graça nos USA. Você toparia?

Um amiga e o irmão dela toparam fazer o “esquema” o que iria deixar a estadia ainda mais em conta porque iríamos dividir o hotel em três.

A passagem aérea era pela Avianca, e teríamos que pernoitar em Bogotá. Uma oportunidade a mais para conhecer um país diferente. Chegaríamos de dia e o vôo para Miami seria somente na manhã seguinte. Legal dar um role na noite de Bogotá, na época a mais perigosa cidade para se viver na América Latina por conta do tráfico de droga.



Embarcamos para nossa viagem e quando chegamos a Bogotá um agente da Avianca já nos orientou: - Señores, tiene una buseta esperando para llevarlos al hotel.

A primeira pergunta que eu fiz: - Mas vão caber todos dentro de uma só?

Aquela noite em Bogotá foi pitoresca. Fomos orientados a não deixar nada de valor no Hotel e também não deveríamos levar nossos passaportes se saíssemos à rua. Acompanharam? Não era seguro deixar nada no hotel e nem tampouco levar conosco. O que não nos impediu de conhecer o centro de Bogotá, muito agitado até tarde da noite e patrulha da policia fazendo batidas policiais em todas as esquinas.

Não fosse essa viagem permeada de novidades o que iria nos acontecer em Miami naqueles dias seguintes era algo inacreditável..... (continua)

14 comentários:

Anônimo disse...

recordações de infância.

BAU DO FAEL disse...

quando foi isso? n]a me lembro dessa época do Brasil, acho que sou muito novo pra saber oq é inflação...nasci na epoca do real...rs

abração.

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

caraca ... primeiro as lembranças de uma época complicada mesmo mas devidamente recompensadas com estas delícias de relatos de suas experiências ...

gente se eu chegasse em um lugar e o cara me informasse q tinha uma BUSETA me esperando te juro ... eu GRITAAAAAVA ... rs

bjux

;-)

Marcos disse...

Recado para o Márcio Nicolau.... Desculpe amigo, mas não entendi... como assim "Recordações de Infancia?" Será que esse comentário era do Post "São Paulo?"

She disse...

Adoro a forma que vc relata suas aventuras e viagens, beijo, beijo!
She

ONG ALERTA disse...

Me lembro perfeitamente desta época...um abraço Lisette.

::::FER:::: disse...

eu não existia na classe trabalhadora nessa época o que eu sei foi o que ouvi na escola e do que ouvi da minh mãe dizer... não entendo nada de economia, comecei a trabalhar com 18 anos e ja era o real que circulava, antes disso eu nao tinha intimidade com dinheiro , minha mãe nao dava mesada e nem nada assim... mas a viajem que vc fez foi interessante qdo postar a continuação quero terminar de ler...



:::FER:::

Cris Medeiros disse...

Opa! Mais uma novelinha de viagem... eheheh...

Eu me lembro bem dessa época de infalação e de quando deu a virada pro Real, que era algo assim que a gente achava até que não daria certo, porque nossa cabeça funcionava com inflação sempre... Ainda bem que aquilo acabou...

Quanto a buseta, eu preciso dizer algo? ahahah

Beijocas querido!

Lobo disse...

Eu nem peguei essa época. Pelo menos não como cidadão economicamente ativo.

Só me lembro do meu pai um dia me dando bilhões de cruzeiros e dizendo: Gasta com o que você quiser. Mas tem que ser HOJE!

E nossa, como você viajou!

Abração Marcos!

Isadora disse...

Ih, senta que lá vem história. Vou aguardar o desenrolar dessa. Gosto da forma como você conta suas viagenes e peripércias - rs (nossa isso ficou meio antigo!).
Beijos

Fermina Daza disse...

Hahaha! Desculpe a piada, mas dependendo da buseta, cabe sim! Hahaha...Eu ri!

Adoro suas histórias sobre viagens, estrei no aguarde...

Beijinhos

Juliana Dias disse...

Adorei seu relato. Curiosa para saber do resto, rsrs...

Seu Blog tem muito conteúdo!

Ficaria feliz com a sua visita ao meu e sua participação!

Grande beijo!

Arsênico disse...

Ui... realmente você me fez relembrar minha idade biológica... coisa que já está me deixando meio com a pulga atrás da orelha... mãs tuidÖ béim... pelo menos estou vivo e com saúde! kkkkkkkkkkkk!

***

aBraços!


;-)

Atitude: substantivo feminino. disse...

Oi Marcos!
Vim agradecer os comentários que vc deixou lá no atitude e eu sem tempo de passar aqui.
Com relação a viagem, sentirei falta de tudo aquilo conforme vc citou muito bem, inclusive do café aguado rsrssrsr.

Me lembro bem desta época que vc descreveu. Foram anos difíceis, eu sozinha coma minha mãe, e agente tendo que se virar com o salário dela de aposentada pública. Uma merda literalmente. Faltava carne, faltava feijão, faltava comida.
Eu estudava em escola particular, esse era o luxo que tínhamos. De resto tudo era sacrifício.

Pô..não faz tanto tempo!!! rsrsrsrrs

10 dias de graça nos EUA..como não topar!!!

Postar um comentário

pitaqueiros