sexta-feira, 7 de maio de 2010

RELÓGIO!


Dna Aninha (leia donaninha) era exatamente como o nome, pequenina e rápida. Viúva, mas independente, filhos criados e morava sozinha em uma casa na periferia. Já havia passado dos 70 anos mas era muito ágil e vivia indo visitar amigos, parentes e o que mais gostava, ia a igreja! Já fazia mais de 60 anos que frequentava aquela comunidade. Durante a semana ia para o encontro com as senhoras e aos domingos para o culto.

Certo domingo, Dna. Aninha arrumou-se toda com direito a batom vermelho e perfume de Alfazema e seguiu em direção a Igreja como fazia costumeiramente. Bolsa e sombrinha a tira colo. O ônibus 375 chegou e estava lotado, mas não o bastante para ficar uma pessoa empurrando a outra. Ao aproximar-se de seu ponto, deu o sinal e enquanto caminhava para porta de saida, um homem jovem trombou com Dna. Aninha enquanto o onibus freava. Ela achou um tanto grosseiro mas nada disse pois queria descer logo para não perder a parada.

Desceu e foi caminhando segura de seus passos para não perder o culto que iria começar as 9hs. Preocupada, foi conferir as horas no antigo relógio de seu marido, que usava de forma a manter sempre uma lembrança consigo, foi quando percebeu que havia sido roubada! Dona Aninha quase caiu das pernas! Aquele moço no ônibus roubou o seu relógio na hora que deu uma "trombada" nela (até por isso chamam esses delinquentes de trombadinhas). Ela, que era só alegria ficou arrasada, não foi pela perda financeira, mas pela memória que o relógio lhe trazia do marido.

Chegou ao culto e contou o ocorrido, os irmãos da igreja foram solidários e disseram que iriam orar por ela, para acalmar seu coração. Dna Aninha naquele domingo pediu justiça! Orou, mas seu coração estava apertado! Assistiu o culto chorando pois o elo com se falecido havia sido tirado dela de forma tão bruta.
Finalizados os trabalhos na Igreja rumou para casa, já mais conformada, aquela senhorinha não estava tão ágil quando subiu no onibus 375 de volta, sentou no fundo da condução. Quando já estava se aproximando de sua parada, foi encaminhando-se para frente e derrepente congelou! Não acreditava no que via, aquele trombadinha no mesmo ônibus da volta. Ela perdeu o chão, seu coração disparou, não sabia o que fazer. Pedir ajudar? Expor os ocupantes do ônibus 'a aquele delinquente? E se ele estivesse armado? Ela olhou no pulso do miserável e lá estava o seu relógio! Lá estava o objeto roubado no braço do marginal!

Dna Aninha sacou sua sombrinha e sem que o rapaz a visse, encostou a sobrinha nas costas do mesmo e disse: "-Passe o relógio ou eu atiro, estou armada e quero o relógio!" O rapaz logo percebeu que não tinha como reagir e sacou o relógio do pulso e deu para aquela senhora. Logo o onibus parou e ela desceu rapidamente sem olhar para o ladrão.

Ela não acreditava na sorte que tinha tido, havia recuperado seu relógio e seguiu em passos largos para casa, toda faceira por sua grande ideia e iniciativa. Ao chegar em casa toda feliz, foi tomar um merecido banho. Pegou o relógio e foi colocá-lo em cima da penteadeira como de costume, quando surpresa, percebeu! Lá estava o relógio de seu falecido marido, que ela havia esquecido de colocar no pulso naquele domingo de manhã!

12 comentários:

BAU DO FAEL disse...

velha ladra...

rs rs rs rs...

esta história ja me rendeu um conto...lembra?

show...

abração...e obrigado por ter ido lá votar...pelo que fui informado, ganhei um livro.

Mulher de Fases disse...

Amei o texto!!Uma leitura leve e prazerosa.Viajei na sua crônica...já me sinto íntima da Dona Aninha.
Abços

Vanessa Souza disse...

Mais um causo :)

Três Egos disse...

Este texto me lembrou a música da Alanis Morissette, "Ironic", ...and isn't it ironic? don't you think?... Uma música muito boa, com um conto muito bom também.

Enfim, ia te avisar do meme, mas como vc já viu, facilitou minha vida... rsrsrs.

Grande abraço!

dand disse...

Oi marcos. obrigado pelo carinho hein...pois é 2, pode parecer pouco no numero, mas pra mim significa muito na convivencia..amei o feliz dia 8 hahaha.
mas que dona Aninha safaaada hein kkkkkkkkk, pensou ser assaltada por uma velha coroca? aff que ódio.

Abraçuuus Marcos.
e bom domingo das mães pra vc.

Cris Medeiros disse...

Nossaaaaaa! Que lindo o texto! Eu não consigo escrever contos... Acho que sou meio bloqueada pra isso, às vezes que tentei ficaram bem pobres, mas pelo menos um livro eu já escrevi... ahahah... Mas aí é autobiográfico e não vale... ahahah

Adorei mesmo seu texto! Vc tem talento!

Beijocas

SAL disse...

Deus que é maior!!!

Não creio que ela se enganou assim... :o
Coitado do "marginal"... não teve direito a ficar nem com um relogio bacana!!! kkkkk

bjo

Marcos disse...

Obrigado pelos comentários, mas para deixar registrado, o "causo" é verídico....rs...rs....

Dil Santos disse...

Oi Marcos, tudo bem?
Menino, me acabei de rir kkkkkkkkkkkkkk
Ah, brigado pelo comentário, espero mais visitas suas heim? rsrs
Abraços
:)

Madame Mim disse...

Que terrível culpa ela deve ter sentido, não é?
Depois de tantas orações, enfrentou o rapaz com tamanha coragem e descobrir que o relógio estava em casa...fiquei com pena dela ...rsrsr
Vc sabe a continuação não é???
Beijos e boa semana!

Francisco disse...

Grande Marcos!

Gosto dos seus textos, pois temos um estilo um pouco parecido. Claro que não tenho seu talento!
Textos com início, meio e fim, e que prendem a atençao, são difíceis de se ler em alguns blogs.
E mais... com final surpreendente!
Parabéns!

Aquele abraço.

Lia disse...

No fim a ladra era ela :)
Beijo.

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