sábado, 1 de maio de 2010

ENVELHECER!




Um dos meus amigos de infância se tornou o meu cunhado por coincidência do destino. Enfim ele acabou de se tornar pai e está descobrindo uma nova fase da vida dele. Mas em contra partida da grande alegria que o cerca, ele também está convivendo com a realidade de um pai idoso.

Ha cerca de 2 anos seu pai com mais de 80 anos que então morava sozinho, começou a apresentar problemas da idade e ele acabou levando ele para viver em sua casa. Ele, filho único e seu pai separado precisando de assistência. Nem preciso falar a dificuldade que foi em todos os aspectos: emocional (por ver seu pai debilitado), profissional (por ter que acertar suas atividades com as necessidades do pai) e familiar (esposa por ter que cuidar de um idoso muitas vezes sozinha).

Chegou a um ponto de que para manter a estabilidade familiar ele teve que optar por colocar seu pai em uma casa de idosos, com uma equipe para dar assistência e com outras pessoas da mesma idade.

Criticas vieram de todas as partes (até mesmo quem esta lendo agora este post, pode estar pensando... eu não faria isso com meu pai!) Mas o fato é que dentro das opções era a que melhor se enquadrava. Olha, ele sentiu muito a decisão, sofreu mas teve que fazer.

Eu sempre fui uma pessoa preocupada com o fato de envelhecer e não ter uma assistência na velhice. Não tenho filhos, mas mesmo que tivesse não sou do tipo de pessoa que repassaria a responsabilidade da minha velhice para eles, (porque muita gente acha que filho é para cuidar da gente na velhice), porisso já convivo com o fato de na velhice morar em um lar para idosos, hoje existem otimos lugares sem aquela cara de "asilo". (alias o pai do meu amigo está em um lar com uma proposta dessas)

Voltando então ao meu cunhado, seu pai teve altos e baixos nos últimos 2 anos mas hoje está bem e nos finais de semana ele fica com meu amigo e hoje seu pai foi apresentado para a primeira neta com 4 dias de vida e ele chorou de emoção. Meu cunhado tirou foto com ele, já imprimiu para ele levar para sua "casa" e compartilhar com seus amigos de lá, levou lembrancinhas para distribuir e assim perceber o momento que ele esta vivendo de se tornar avô e estar integrado a familia.

Quando levou seu pai de volta hoje, a enfermeira veio ao seu encontro e disse: "Seu pai me disse que desde que veio para cá ele vê o filho mais do que quando estava morando sozinho e ah!! não sei se você sabe, mas ele tem ajudado muito o seu colega que teve um derrame e esta "hemiplégico" (metade do corpo paralisada)"

Isso fez meu cunhado pensar, se ele tivesse contratado enfermeiros para deixar seu pai em sua casa, ele passaria o dia sozinho e não teria tido o acesso a novos relacionamentos de amizade e o mais interesssante, ele passou de uma condição de assistido para assistidor. Assim, hoje apesar de suas limitações, está se sentindo importante e util por poder "ajudar" o próximo.

13 comentários:

Cris Medeiros disse...

É uma questão tão complexa! E tão pessoal! Mas acho que ao envelhecer preferia não dar trabalho a ninguém e ficar num local que as pessoas que cuidassem de mim fossem pagas pra isso... Algo mais impessoal, do que pesar nas costas de quem gostamos... De qualquer maneira peço ao céus que não quero envelhecer a esse ponto, quero ir bem antes...

O caso do meu pai... sempre irresponsável, sempre egoísta não formou vínculos fortes com a familia, sua irresponsabilidade afastou a maior parte da família dele... Eu nunca tive laços fortes com ele e rompi, de vez há uns 10 anos atrás... Agora ele começa a ter problemas de velhice e meu irmão que sempre foi mais chegado é que segura a barra... No entanto meu pai continua o mesmo mal agradecido e deitão de sempre, abusa do direito de ser arrogante e nem meu irmão, que sempre foi chegado a ele, aguenta mais... É uma questão complicada... Porque lúcido ele está e muito, o problema é que ele usa as doenças como forma de chantagem...

Beijocas

BAU DO FAEL disse...

Fui criado numa familia de pessoas idosas. O respeito por eles veio do berço. O que nunca concordei, que todos selecionaram entre os filhos alguem para cuidar na velhice...Varios primos solteiros, com vidas disperdiçadas. E como a lei da natureza é levar primeiro os mais velhos, ficaram os filhos, mal amados, revoltados, sem perspectivas de reconstruir uma vida. Isso é um erro.

Conheço os personagens do seu post, e posso afirmar, me emocionou ler sobre isso.

abração.

Três Egos disse...

Sabe que nunca tinha pensado em ir para um asilo ou coisa do tipo? Mas pensando bem, se um dia estiver debilitado, talvez preferisse ficar em um. Seu texto é muito bom pelo fato de que mostra o outro lado, o lado de que também é bom estar em um asilo. Logo que falamos de asilo, pensamos em abandono pelos familiares e vc mostrou que nem sempre é assim. Sapi com outro conceito depois disto... rs

Abraço!!!

Anna Vitória disse...

Essa é uma questão realmente bem complicada, afinal é uma decisão muito difícil, tem-se que estar preparado pra todo tipo de críticas.
Existe uma infinidade de idosos aí abandonadas em lares sem estrutura, e que ficam só esperando a morte chegar. Mas acho que se for um lugar bacana, e para melhorar a qualidade de vida de todo mundo, como no caso que vi]ocê citou, por que não?

gloria disse...

Com experiência no assunto, pois cuidei de 2 avós e do meu pai, posso dizer que o melhor é colocar numa casa de repouso, claro, de boa qualidade e com estrutura.
Em casa assisti aos meus velhinhos reclamando durante todo tempo, pois sentiam-se mal por precisarem de ajuda e achavam que estavam incomodando. Por outro lado, nós tb ñ deixávamos que tivessem nenhuma ocupação, cuidávamos de td, por achar que eles ñ tinham condições...
mas hoje percebo que o que fizemos (com a melhor das boas intenções) foi excluí-los do dia-a-dia, das ocupações e da oportunidade de participar. O caso citado nos mostra que o pai de seu cunhado com certeza sente-se melhor onde está do que na cadeira de balanço da casa do filho.

Bill Falcão disse...

Entendi toda a questão, Marcos, pois os últimos dias de minha mãe foram bem parecidos.
Aquele abraço!

Madame Mim disse...

Também, concordo que é uma questão muito pessoal e complexa.
Infelizmente, pais e filhos que não tiveram um bom relacionamento durante a vida, tem dificuldade maior na velhice que é quando ambos precisam conviver com a dificuldade das enfermidades e cuidados necessários ao idoso.
Neste cado, foi um desfecho maravilhoso para todos envolvidos!
O que vale sempre é a tentativa e a responsabilidade de proporcionar dignidade nesta fase da vida.
Bjs

Vanessa Souza disse...

Pode pegar a foto, sem problemas.

Lia disse...

Nem sempre a melhor solução é a melhor vista de olhos alheios mas quem convive é que tem que saber.
Um beijo.

. disse...

Excelente teu blog parabens

Eu sou sozinho..e sei que o asilo é o que me espera

Abraços

Marta disse...

Meu Amor ,Como sempre vc foi BRILHANTE na narrativa ...
Bjs.

Mile Corrêa disse...

Muito interessante analisar
essa realidade por outra perspectiva!
Nunca havia pensado sobre isso dessa
maneira! Claro que cada caso deve ser
analisado separadamente, mas foi muito
bom perceber que nem sempre ir para um
lar de idosos significa abandono e que
o idoso pode sim ser feliz dessa maneira!
Muito bom seu texto! Ótimo blog, viu?
Obrigada pela visita ao Gaveta! :)
Beijos

She disse...

Oi Marcos sensacional a forma que vc abordou o assunto tão difícil e tão polêmico! Eu sou competamente a favor dessas casas com assistência descente e integração total da família. Parabéns pelo tema e pela forma que expressou...bjo, bjo!

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